A Cirurgia Bariátrica e Metabólica é considerada uma modalidade de tratamento da obesidade grave, indicada para pacientes que tiveram falha no tratamento clínico e têm IMC acima de 35 kg/m² com comorbidades ou IMC acima de 40 kg/m². No tratamento cirúrgico da obesidade é fundamental que o paciente seja avaliado e acompanhado por uma equipe interdisciplinar composta por médicos de diferentes especialidades, além de nutricionista, fisioterapeuta e psicólogo.
O profissional da psicologia é responsável pela avaliação e preparo psicológico do paciente para o procedimento cirúrgico. No processo avaliativo, o psicólogo pode realizar entrevistas (mínimo de 3 conforme a COESAS), fazer uso de instrumentais para verificação de sintomas de depressão, ansiedade, compulsão alimentar e consumo de álcool e drogas. Para a escolha dos instrumentais, ressalta-se que o psicólogo deve verificar se os instrumentos escolhidos estão validados pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Além disso, é indicado em muitos casos, o contato com familiares para verificar e informar sobre a importância do apoio de que o paciente necessita, bem como o contato com outros profissionais que acompanham o paciente, tais como o psiquiatra ou nutricionista para discussão do caso, por exemplo. Ao final do processo de avaliação, o psicólogo emite um laudo psicológico que descreve o processo avaliativo realizado, baseado na Resolução CFP Nº 6 de 11 de setembro de 2019 que regulamenta a realização de documentos da profissão. Neste laudo, o profissional emite um parecer favorável ou desfavorável ao procedimento cirúrgico do ponto de vista psicológico embasando teórica e tecnicamente o parecer.
É importante destacar que o que contraindica a realização da cirurgia bariátrica do ponto de vista psicológico são os transtornos mentais graves sem tratamento, a baixa capacidade cognitiva de compreender o significado do procedimento cirúrgico e suas implicações, além do consumo abusivo e dependência de álcool e drogas. É recomendado também que o paciente cesse o tabagismo antes do procedimento.
Após a cirurgia, o psicólogo pode realizar consultas de acompanhamento para facilitar a expressão de angústias e dificuldades do paciente. Neste período, é importante que o psicólogo sinalize sobre a importância do seguimento das orientações de outros profissionais como o nutricionista e o médico responsável pela cirurgia. Isto porque, normalmente, nos dois primeiros anos após o procedimento cirúrgico, o paciente vive uma fase de “lua de mel” consigo mesmo e por essa razão, tende a abandonar o acompanhamento da equipe multiprofissional. Frente a isso, é fundamental que o psicólogo realize a Psicoeducação sobre a importância do paciente realizar consultas periódicas no pós-operatório visando prevenir o reganho de peso e outras complicações comuns. Por fim, frente às mudanças de absorção e metabolismo do álcool no organismo após a cirurgia bariátrica o paciente deve ser orientado que bebidas alcoólicas não devem ser consumidas devido ao risco de desenvolver compulsão.
Para compreender melhor o processo de avaliação e preparo psicológico para a cirurgia bariátrica, assista ao vídeo explicativo e acesse o curso disponível no site (www.motivese.com.br).
Referências Bibliográficas:
*Resolução CFP Nº 006/2019 – Institui regras para a elaboração de documentos escritos produzidos pela(o) psicóloga(o) no exercício profissional e revoga a Resolução CFP nº 15/1996, a Resolução CFP nº 07/2003 e a Resolução CFP nº 04/2019.
*Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica – www.sbcbm.org.br/coesas
* COESAS: Comissão de Especialidades Associadas.
Abraços fraternos,
Vanessa Ponstinnicoff
Psicóloga Clínica – CRP 06/85252
*Especialista em Terapia Cognitivo-comportamental (CETCC), Especialista em Obesidade e Emagrecimento (AVM), Especialista em Segurança Alimentar e Nutricional (UNESP), Mestra pelo Programa Interdisciplinar em Ciências da Saúde (UNIFESP) e Doutoranda pelo Departamento de Psiquiatria (USP).